Mesmo com as idas e vindas da economia, do alto índice de desemprego e da perspectiva de que o (PIB) do primeiro trimestre tenha sido com saldo negativo, o mercado de imóveis aumentou seus lançamentos e conseguiu vender um número de imóveis residenciais substancial, beirando os 10% a mais nos três primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período de 2018, conforme informa a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
Mesmo positivos, os resultados de imóveis de lançamento e vendas deixaram uma sensação agridoce no setor — se por um lado, as imobiliárias comemoram o aumento nas vendas, a expectativa era de um início de ano ainda melhor. Com a crise política, que impacta no calendário de reformas e minimiza a segurança tanto do empresário investidor quanto do comprador, a sensação é a de que 2019 deverá ser um ano de crescimento mesmo em ritmo mais lento que o esperado.
Se computarmos janeiro a março, foram lançadas 14,7 mil unidades na modalidade residencial, de acordo com a Cbic, uma alta de 4,2% em relação aos primeiros três meses 2018. Nesse período, foram comercializados 28,7 mil imóveis, diante dos 26,1 mil no primeiro trimestre do ano anterior, uma alta de 9,7%.
Mesmo abaixo das expectativas, primeiro trimestre é positivo para venda de imóveis.
“É um número positivo e que sem dúvida deve ser comemorado, mas, dada a queda que o setor imobiliário teve durante a recessão, a falta de força do mercado no ano passado e a esperança de que a eleição reduzisse as incertezas, a expectativa foi de que as vendas tivessem crescido pelo menos 15% no período”, afirma José Carlos Martins, presidente da entidade. “As construtoras esperavam que passadas as incertezas de 2018, a agenda de reformas seria tocada com mais rapidez a economia aceleraria e o primeiro trimestre seria um pouco melhor.”
Martins afirma que a alta nas vendas de 9,7% nesse período, se deve sobretudo a uma demanda por imóveis que está contida há cerca de cinco anos. Além da procura corriqueira por novos imóveis, com o nascimento de filhos, a decisão de um jovem sair da casa dos pais ou de um casal que resolve se casar etc.
Na última segunda-feira, o Boletim Focus, do Banco Central, apontava que a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 havia sido rebaixada pela 13.ª vez seguida, indo para 1,23%. Em janeiro, analistas chegaram a projetar o PIB em 2,57%. A revisão de expectativas, com o desempenho da indústria aquém do esperado, os setores de serviço e comércio, acenderam um sinal amarelo no setor ide imóveis.
Depois do primeiro turno da eleição e quando o segundo já se consolidava, o mercado imobiliário começou a sentir uma melhora, diz Antonio Setin, presidente da incorporadora que leva seu sobrenome. “De novembro a fevereiro, foi excepcional para vendas, com redução do estoque e aumento no número dos lançamentos. A partir de março, o mercado deu uma bambeada, reflexo imediato da falta senso de urgência em Brasília.
Contudo, ele estima que a empresa lance mais empreendimentos imobiliários este ano do que no em 2018, somando em torno de R$ 700 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV). Esse número mostra por quanto a incorporadora projeta vender todos os imóveis de um empreendimento novo. “Nós — e boa parte do mercado — estamos otimistas, mas é um otimismo cauteloso. Não dá para sair lançando empreendimentos, como se o mundo estivesse perfeito, porque ainda não está.”
“É muito raro uma pessoa comprar um imóvel sem financiar. Para prosseguir com um financiamento, o comprador de imóvel precisa ter a confiança de que o futuro será bom.”, diz Vinícius Mastrorosa, diretor da Even. Apesar de um primeiro trimestre abaixo do esperado, a empresa também deve lançar mais este ano.
Ele afirma que, com o avanço da agenda de reformas, como a reforma da Previdência e tributária, a economia deve dar sinais mais claros de fortalecimento, que tendem a se refletir em uma melhora no mercado imobiliário.
A venda de imóveis em São Paulo dita o ritmo no restante do país.
Com maior dinamismo, o mercado de São Paulo alcançou resultados melhores do que o restante do Brasil nos primeiros três meses. Números do Secovi-SP, que une empresas do setor, mostram que foram comercializados 6,79 mil imóveis de janeiro a março — uma alta de 17% ante o mesmo período de 2018. Os imóveis de lançamento por sua vez, cresceram em torno de 21%.
“O mercado imobiliário de São Paulo viveu sua pior fase em 2016 e agora possui números positivos para comemorar. Se considerar janeiro a abril, já empregamos mais gente do que em todo o ano passado. Se as reformas caminharem como pretendem, a melhora do mercado será sentida mais rapidamente”, diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.
“De janeiro a abril, vendemos duas vezes mais imóveis que o mesmo período de 2018. A expectativa era triplicarmos o número, mas foi um resultado muito expressivo”, diz Marcos Bigucci, da construtora MBigucci, que atua em São Paulo e no ABC Paulista. “O começo do ano não foi como esperado, mas estamos no caminho certo.”
Fonte: O Estado de S.Paulo / Dreamcasa
Revisão para o blog: Michele Carvalho